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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Talento, para que te quero?


Ainda há um grande equívoco no mercado: não se sabe gerir talentos. As faculdades e algumas agências acabam lapidando de forma errada aqueles que poderiam ser melhor aproveitados e até encaminhados para outras atividades.

As faculdades enfiam goela abaixo um conteúdo desatualizado e sob orientação de professores despreparados – que nunca vivenciaram, de fato, um ambiente de agência e suas complexidades. Já nas agências, esse conteúdo é contrariado pela realidade e pela necessidade de inovação e ousadia. Tudo se torna incoerente e inibe o talento pelas más instruções.

Talento sem uso é objeto de decoração, e o que se busca é funcionalidade e proatividade consciente. A confusão maior é colocar os criativos para trabalhar sem saber seus reais potenciais e dificuldades. Isso cria uma crosta maciça de dúvidas, enganos e frustrações. Assim a carreira publicitária se torna um fardo, cheio de inseguranças, incertezas e riscos. Isso explica o porquê dos nossos pais torcerem para sermos médico ou advogado.

Uma pessoa que aos olhos da sociedade é tida como muito criativa pode não servir para nada nos processos que envolvem a mercadologia. Marketing e propaganda são mais matemática que tudo. Cabe ao matemático designar bem seus cálculos e saber quem vai ser usado para executar esse ou aquele trabalho. Também, uma pessoa vista como incapaz, mas que está ainda inserida nesse contexto de mercado de propaganda, pode ser de grande valia em processos importantes, com a devida orientação do matemático/gestor nesse jogo de operações complexas.

Criatividade é uma obrigação de qualquer profissional, publicitário ou não. Quem acha que qualquer pessoa dita criativa merece espaço em agência de propaganda para ser pitaqueiro da imagem alheia, está enganado. Ao contrário, o que se busca em um profissional de propaganda é foco, sobriedade e sede de crescer com a consciência de que se deve pensar no crescimento das marcas trabalhadas. E mais: acompanhar e mapear tudo. Trabalhar sóbrio em todos os processos. Propaganda não é brincadeira de garoto ou garota criativa que puxa sacadinhas do bolso. É negócio. Deve ser encarado com entusiasmo e paixão, mas ainda é um negócio e como tal trabalha lucros e prejuízos. Isso implica em responsabilidade com o dinheiro alheio.

Defendo a consciência, o conhecimento pleno sobre as ferramentas de trabalho e, claro, a criatividade que prefiro chamar de poder de comunicação, inter-relação e jogo de cintura. Quando incorporo meu lado sacadinha da coisa, eu saio da propaganda e me chamo comediante. E comédia só deve ser misturada com propaganda se for para agregar algum valor ao trabalho. Portanto, é preciso alinhar um objetivo e criar vários outros nos caminhos da carreira, com responsabilidade e respeito pelas pessoas e pelo patrimônio das pessoas. Isso é talento.

Um comentário:

Jock disse...

opa. só faltou o link para a Casa do galo.
;)